quarta-feira, 7 de julho de 2010

Em que Mundo queremos Viver?

     Quando se pensa em juventude, logo se pensa em futuro. Pais, professores, governantes... Todos se preocupam e se dedicam a preparar os jovens para que possam desfrutar de boa saúde, conforto, terem boas perspectivas profissionais, serem eficientes, inovadores e que, assim, possam contribuir com a construção de um país mais próspero, justo e ético.

     Não há dúvidas de que estes desejos são autênticos, genuínos e vêm acompanhados da percepção de que os jovens do século 21 podem ter uma vida melhor que seus pais e avós. A ciência e a tecnologia evoluíram tanto que já permitem aos seres humanos executar menos tarefas pesadas, adoecer menos, alimentar-se balanceadamente, viver mais e melhor.

O Lar-Terra

     Mas os jovens do novo século podem ter à sua frente um futuro sombrio, ameaçador, no qual os recursos naturais mais importantes para a sobrevivência e para a qualidade de vida da humanidade estejam irremediavelmente comprometidos.

     Como viver sem água? Como ter saúde e qualidade de vida em um planeta onde as mudanças climáticas produzem frios extremos alternados com temperaturas altíssimas? Como produzir alimentos suficientes tendo longos períodos de enchentes seguidos de muitos meses de estiagem? Como lidar com as pandemias com a migração dos vetores das doenças?

     Como vamos adaptar nossas estruturas físicas, nosso modo de produção, de locomoção, nosso modo de viver às novas condições climáticas, geradas pelo aquecimento global?

     A palavra ecologia vem do grego óikos e significa casa, lar. Ecologia é a ciência da administração do Lar-Terra, da Pacha-Mama, grande mãe, como o planeta era designado nas culturas andinas, ou de Gaia, organismo vivo, como era chamado na mitologia grega e também na moderna cosmologia.

     Mas hoje, embora muito se fale de meio ambiente, pouco se faz para restabelecer a ligação perdida com a natureza. É cada vez mais evidente a ruptura entre o modelo de desenvolvimento vigente em grande parte do mundo e a capacidade de suporte do planeta. Estamos dilapidando os recursos naturais em uma velocidade e intensidade nunca antes vista.

     Está mais do que na hora de mudarmos este cenário. Cada um de nós pode atuar para garantir a qualidade de vida das atuais e das próximas gerações no planeta.

     Os jovens, dotados de uma imensa energia vital, podem e devem ser convocados a compreender este contexto e estimulados a exercer ativamente sua cidadania planetária.

     Precisam compreender o funcionamento das leis da natureza e, inspirados em seus padrões, transformar os sistemas socioeconômicos, tornando-os sustentáveis.

     A ciência já nos permite saber o que fazer; o desenvolvimento tecnológico que a humanidade alcançou já pode oferecer alternativas ambientalmente corretas a muitas de nossas necessidades.

     Pais e educadores têm em suas mãos o poder de decidir sobre o futuro do planeta, mudando suas atitudes e práticas, estimulando, inspirando e mobilizando os jovens a se comprometerem com as questões socioambientais. Trata-se, afinal, de garantir o seu futuro.

O que fazer em casa para contribuir com a construção de um planeta sustentável?

• Dar preferência ao transporte público;
• Consumir só o que for necessário, evitando comprar aquilo que não precisa;
• Levar sempre uma sacola de compras, dentro da bolsa ou da mochila, de modo a não usar embalagens plásticas;
• Preferir embalagens que possam ser reutilizadas e/ou recicladas;
• Separar o lixo e encaminhar para reciclagem;
• Nunca jogar no lixo comum pilhas e baterias. Entregá-las em postos de coleta apropriados;
• Recolher o óleo usado na cozinha e entregá-lo a empresas ou catadores que o utilizam para sabão ou biodiesel;
• Montar uma composteira em sua casa, escola, comunidade para produção de adubo orgânico.
• Não queimar o lixo doméstico e não permitir que o façam em sua vizinhança;
• Não comprar e nem utilizar madeira de construção e carvão vegetal sem conhecer sua origem. O desmatamento também é culpa de quem consome a madeira e o carvão ilegais;
• Contribuir com o controle de enchentes e com o clima plantando árvores, arbustos ou até mesmo grama no quintal de sua casa, de seu condomínio, da escola, na calçada, nas margens do córrego ou rio mais próximo;
• Economizar água, coletar a água de chuva e usá-la para lavar quintal, trocar a válvula hidra do vaso sanitário por caixa de descarga, diminuir o tempo do banho, nunca deixar a torneira aberta enquanto se escova os dentes ou faz barba;
• Economizar energia, apagar as luzes do ambiente quando sair, usar lâmpadas fluorescentes, desligar completamente os aparelhos eletrônicos que não estiverem em uso, nunca os deixando em stand by...
• Consumir alimentos orgânicos, de preferência produzidos localmente;
• Dar asas à imaginação e acrescentar muitos outros itens a esta listagem...
Miriam Dualibi,
professora e presidente do Instituto
ECOAR para a Cidadania, São Paulo, SP.
Endereço eletrônico: miriam@ecoar.org.br
Artigo publicado na edição nº 387, jornal Mundo Jovem, junho de 2008, página 11.