domingo, 25 de abril de 2010

Pensar Localmente, Agir Globalmente (E viva o Aquecimento Global?!)

"Pensar globalmente, agir localmente."
Consagrado lema da atuação local em prol do desenvolvimento sustenável do planeta, surgiu a partir da Eco 92 como indicação da necessidade de uma agenda de ações e compromissos interdependentes entre diferentes setores da população nos âmbitos internacional, nacional, regional, estadual e municipal para a resolução dos problemas ambientais mundiais identificados até então - daí o nome "agenda 21" para o documento base principal para a elaboração desses compromissos.
Claro que, para a eficácia desta agenda, foi necessário ultrapassar barreiras ideológicas, políticas, de método e de conhecimento científico e tecnológico - que nos últimos anos retardaram em muito a obtenção de resultados em práticas de políticas públicas em planejamento ambiental - de modo que desenvolvemos uma pequena perspectiva de mudança nos padrões de produção e consumo - fator essencial que sempre incomodou ambientalistas e educadores ambientais...

Já defendi neste mesmo espaço - e dividi a mesma angústia de - a necessidade de se ter uma "agenda 21 pessoal', de modo que possamos individualmente nos responsabilizar por essa mudança de padrão e, através de nossas "ações de formiginha" (outra frase consagrada para o mesmo contexto!) desepenharmos um papel melhor no mundo e na condução deste mundo para as mudanças.
Impressionante foi - e é - a difilculdade de ser um marciano, de falar para as paredes, de se sentir ignorado e menosprezado pelos tomadores de decisão no mundo enfrentada por todos aqueles que bradavam aos quatro ventos a necessidade de mudança. E, mais ainda, da inserção no pensamento das pessoas comuns - a "comunidade" - de que, quer queiram ou não, fazem parte de uma estrutura maior e são responsáveis pela manutenção - assim como pela transformação - desta mesma estrutura!
Até o advento do conhecido relatório do IPCC.
Sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, apresentava diagnóstico bastante contundende da contribuição humana em nível mundial para intensificação do processo de aquecimento global e consequentemente nas mudanças climáticas que tanto afligem a própria humanidade. Mas o IPCC não surgiu do nada; foi apenas a confirmação e aceitação pública de uma verdade comprovada por inúmeros marcianos, faladores solitários, pensadores antes menosprezados e ignorados que não arrefeceram perante as dificuldades e continuam sua agenda pessoal de mobilização em prol de um mundo melhor - colocando em cada uma de suas ações a total interconexão entre o global e o local, entre o individual e o coletivo, entre o privado e o público.
Claro que estou sendo profundamente romântico neste tipo de pensamento, mas...
Benditos aqueles que, pensando globalmente, agiram localmente!!

Pena que a situação ambiental tenha que chegar a tal ponto quase irreversível - para que a sociedade se mobilize em função do tema.
Mas sinto agora a coisa ambiental já tão inserida no imaginário popular - a ponto de ser apelo midiático tema de vários filmes épicos e populares - que passou a ser uma necessidade eleitoral o investimento de mais tempo e mais dinheiro para "resolver o aquecimento global" (como se isso fosse possível).
Mesmo assim, sinto no mundo - desde os moradores de rua até os grandes políticos mundiais - a sensação de a água está batendo nas partes baixas (às vezes literalmente!) e que tem-se que tomar alguma atitude. Não digo que é geral - não estamos todos plantando árvores e abandonando os carros na rua - mas há um sentimento de resistência muito menor ao tema do que antes - muitos políticos já estão se perguntando intimanente: "tá, tá bom, acredito. mas por onde começo, sem afetar minhas atuais ambições de poder?" ou mesmo "puxa vida: se não aprender logo sobre esse negócio vou me dar mal nas próximas eleições".
(Tudo bem. Não é o pensamento adequado, mas é um começo.)
Muitas políticas públicas locais têm sido desenhadas para integrar as soluções dos mesmos problemas de antes - pobreza, enchentes, poluição, moradia, saúde e assim por diante - dentro do mesmo guarda-chuva emergencialdo das "políticas mitigatórias dos efeitos e consequências das mudanças climáticas" na comunidade local.
(O tema tem atraído investimentos - com boas ou não tão boas intenções.)
acredito que, finalmente, podemos ter um pequeno vislumbre do que significaria a concretização da da agenda 21:
  • a inseparabilidade do pensamento local do global;
  • a interconexão plena das ações locais na resolução dos problema globais.
Em outras palavras:
Pensar localmente passará a ser agir globalmente!
Sempre me disseram que grandes tragédias trazem grandes movimentos de mudança em relação a novas esperanças.
Estou começando a acreditar nisso.
E viva o aquecimento global.

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